quarta-feira, 30 de novembro de 2011

OPINIÃO - "DINHEIRO SIM, QUALIDADE... ADEUS!"


É curiosa essa coisa de dupla sertaneja nos dias de hoje, já que de sertanejo nada tem. O que havia de original ficou numa galáxia distante há muito, muito tempo atrás, antes mesmo do Yoda nascer.

Não pensem que tenho algum sentimento negativo sobre essas duplas sorridentes, afinadas como só um surdo seria capaz de perceber e com um incrível bom senso estético na escolha de seus figurinos.

Talvez eu até tenha uma certa implicância, mas é com aquele funkão que toca nos “bailes” das favelas cariocas. Pura ignorância minha, coisa de pouco conhecimento e limitação de alguém que só ouve basicamente música clássica, jazz, bossa nova, chorinho, e Beatles.

Houve uma época que era bom gostar de música, mas hoje qualquer ruído que grave em mp3 já dá um grande lucro ao contrário do que outrora exigisse no mínimo uma partitura e alguma afinação.

Fico imaginando o dia que um alienígena descer aqui na terra (ao som de John Williams, claro) e olhar programas de Tv no nível do Big Brother, Faustão, aquele da Luciana Gimenez e pérolas do tipo. Diriam eles em transmissão a nave mãe: “- É... Na Terra não há mesmo vida inteligente!”... Terráqueos, por favor, desculpem nossos amigos Et’s, pois eles não sabem o que dizem.

Não sei se a voz do povo é a voz de Deus, mas certamente quantidade não é sinônimo de qualidade ou de talento. Nos nossos tempos popularidade e celebridade rimam melhor com futilidade do que com qualidade, mas e daí? Se der dinheiro, então é o que importa... Ou vocês acham que existem tantas igrejas por aí por causa da fé?

Nada importa, nem qualidade, nem fé, nem saúde, nem caráter, nada... Só o dinheiro importa!

Eu descobri que não tenho muito talento para nada, mas como ser medíocre é o que faz dar certo hoje em dia, podem me contratar!

Cobro caro, mas é garantia de um trabalho ruim!

MEMÓRIA - “BRITÂNICO, MAS ATRASADO”


Nasci atrasado, em agosto de 1970, e com isso perdi o homem chegando a Lua, os Beatles ainda juntos e de ver o Brasil ser tri-campeão na Copa daquele ano. Corri pra ver se recuperava o tempo perdido e com isso consegui ver um robô chegar a Marte, a volta virtual dos Beatles em sua antológica coletânea e ver a seleção canarinho ser tetra e pentacampeã.

É... Foi legal, mas sinceramente, não é a mesma coisa.

Uma vez atrasado, sempre atrasado, mas não é atrasado para a aula, trabalho ou coisas assim, pois nos compromissos marcados sou bem pontual, britânico, até. Estou falando de destino mesmo! Por exemplo, essa coisa da aula... Quando eu tinha aulas, sempre chegava na hora, mas entrei com cinco anos de atraso na faculdade.

Ok, não estou culpando o destino por meu atraso em entrar numa faculdade, mas eu ser culpado por isso foi o meu destino... Entende? Bom, não importa! O fato é que sou um ser humano atrasado no tempo. E até que não é ruim, já que sou um jovem de quase 40, algo que não seria possível se eu fosse pontual.

Pra piorar também não tenho memória... Eu já disse isso?

Nem lembro o número de meus telefones celulares... Isso mesmo, tenho mais de um aparelho, três pra ser exato. Não pensem que esqueci que já tinha um e fui comprando outros, pois ganhei os três da minha mãe. Não de uma vez, claro, mas creio que separados “geneticamente” pelo tempo.

Sei que tenho mais coisas a dizer sobre isso, mas no momento não me vem a mente.

... Enfim, não bastassem essas duas qualidades, ganhei outras que me fazem parecer o Woody Allen ou o Domingos de Oliveira. Adoro os dois e até me identifico com eles, a diferença é que apesar de sermos todos neuróticos, hipocondríacos e escritores, só eles deram certo, então além de tudo, sou azarado também!

... Ou estou apenas atrasado?

FICÇÃO - “O ESQUETE”


ELA CHEGA E ENCONTRA ELE ANDANDO DE UM LADO PARA O OUTRO COM UM MONTE DE PAPÉIS NA MÃO, E UM OUTRO TANTO AMASSADO NO CHÃO


 ELA – Oi! Vim assim que soube do concurso de esquetes! Temos que inscrever algo!

ELE – Calma! Já estou trabalhando nisso!

ELA – Então seja rápido, porque as inscrições acabam amanhã!

ELE – Eu sei, eu sei... Não faz pressão senão não consigo!

ELA – Calma! Vim pra te ajudar!

ELE – Obrigado! Começou bem...

ELA – Deixa eu ver o que já escreveu (PEGA AS FOLHAS DE PAPEL QUE ESTÃO COM ELE)?

ELE – Mas...

ELA – Mas isso tá em branco! Não disse que já estava trabalhando?

ELE – Sim, mas não disse que já tinha escrito algo.

ELA – E esse monte de papel amassado a sua volta? Nada que se aproveite?

ELE – É só papel amassado... Pra dar um clima, sabe?

ELA – O que dá clima não é amassar o papel, mas escrever nele... Me dá essa caneta aqui!

ELE – Toda sua.

ELA – Vamos lá... Vejamos... Hummmm... Ah! Já sei!

ELE – O que, o que???

ELA – Era uma vez...

ELE – Ahh... Não! Para, para!

ELA – O que, o que???

ELE – Isso é pra ser uma esquete, não um conto de fadas! Não dá para começar assim!

ELA – Qual é? Você não escreveu nem uma linha e já tá criticando o que escrevi?

ELE – Não foi uma critica, foi só uma observação... Desculpe, vai... Continua. Qual era sua idéia?

ELA – Não , você tem razão, não era mesmo uma boa idéia.

ELE – Não acredito que está fazendo isso novamente!

ELA – Isso o que?

ELE – Contrariando só pra me provocar... Foi por isso que fui embora!

ELA – Desculpe, mas fui eu que fui embora. Não deixe que seu ego atrapalhe sua memória.

ELE – Meu ego? Não tenho isso querida, saí da análise porque achava que meu terapeuta não gostava de mim.

ELA – Você saiu porque a SUA terapeuta quase te processou por causa daquela cantada ridícula. Que papelão!
ELE – Que calúnia!

ELA – Podemos ser objetivos?

ELE – Me devolve a caneta!

ELA – Teve uma idéia?

ELE – Não, mas na falta de um cigarro... Segurar a caneta me ajuda a pensar melhor. Fico mais calmo.

ELA – Mas você nunca fumou!

ELE – Mas sempre segurei canetas.

ELA – Toma... Vê se escreve algo!

ELE – Estou pensando, estou pensando...

ELA – Por que não escreve sobre algo que conhece bem? Escreve sobre você!

ELE – Se eu me conhecesse bem, não precisava de terapia.

ELA – Bom... Então...

ELE – Já sei!

ELA (ANIMADA)– O que, o que?

ELE – Posso escrever sobre você!

ELA (ENGOLINDO O SORRISO) – Nem pensar!

ELE – Você falou pra escrever sobre algo que conheço bem, então... Você!

ELA – Lembra por que nos separamos?

ELE – Isso é relevante?
ELA – Se nos separamos... Deve ter, né?

ELE – Por que não diz logo que não quer que eu escreva sobre você?

ELA – Eu disse!

ELE – Sério? Quando?

ELA – Olha... Quer saber... Vou embora...

ELE – Não! Espera...

ELA – Vai pedir desculpas?

ELE – Ãh... Não...

ELA – Então tchau!

ELE – Espera...

ELA – O que? Não ouvi...

ELE – Tá... Desculpa! Satisfeita?

ELA – Não... Mas fico. Quero ganhar esse festival.

ELE – E por que acha que vai ganhar?

ELA – Por que sou boa no que faço.

ELE – Ei! E eu? Não me acha bom? Depois vem falar do meu ego! Se ganhar será por causa do meu texto... Já pensou nessa possibilidade?

ELA – Se conseguisse escrever algo, talvez, mas... Só vejo folhas em branco.

ELE – Se você parasse de falar talvez eu conseguisse pensar em algo!

ELA – Quer dizer que eu falo demais? Eu vim aqui te ajudar! Chega... Vou embora!

ELE – Espera! Olha... Já sei que é uma boa atriz, então não precisa ser dramática. Vamos trabalhar!

ELA – Palavrinha mágica!

ELE – Como é?

ELA – Palavrinha mágica!

ELE – Mas de novo?! E não me trate como criança!

ELA – É isso ou vou embora!

ELE - ... Desculpa.

ELA – O que? Não ouvi!

ELE – Desculpa!!!

ELA – Tá bom... Aceito.

ELE – Ótimo! Vamos trabalhar?

ELA – Podemos pedir uma pizza?

ELE – Mas não estava de regime?

ELA – Está... Me chamando de gorda... Por acaso?

ELE – Não! Claro que não! De onde tirou essa idéia?

ELA – Hummm...

ELE – Ó... Já tô ligando... O que peço pra beber?

ELA – Um guaraná tá bom... Guaraná light. Sabe como é, não é bom abusar.

ELE – Claro, claro... Ninguém atende...

ELA – Nossa! Cadê o papel? Me dá...

ELE – Toma... Tá aqui. O que foi? Me conta!

ELA – Espera... Não me atrapalha!

ELE – Não vou... Vou ficar quietinho aqui... Pode escrever...

ELA – Shhhhh!!

ELE – Opa...

ELA – Já termino... Tá quas... Terminei. Pronto! O que estava falando mesmo?

ELE – Me mostra!

ELA – O que?

ELE (APONTANDO PARA O PAPEL) – Sua idéia!

ELA – Mas isso não é uma idéia, é uma receita.

ELE – Receita? Você enlouqueceu?

ELA – Não é isso... É que eu ouvi hoje de manhã na tv, e não tinha como anotar, aí ela me veio na mente agora... Tinha que anotar ou esquecia pra sempre!

ELE – Receita, né? De que? Posso saber?

ELA – De pizza...

ELE – Que coincidência...

ELA – Podemos escrever sobre um casal que tenta fazer uma pizza.

ELE (SE INSINUANDO) – Um casal?

ELA – Ã... Dois amigos é melhor...

ELE -  Tem certeza?

ELA – Tenho, sai!

ELE – Quer saber? Não saio!

ELA – Como?

(ELE AGARRA ELA E DÁ UM BEIJO)

ELE – Vamos pra cama?

ELA – Parece uma boa idéia, mas e a pizza?

ELE – A pizza fica fazendo companhia pro esquete.

ELA – Ahhh... Então... Vamos, né?

ELE – Bom, já conhece o caminho...

ELA – Claro...

(OS DOIS SAEM DE CENA E LOGO VOLTAM)

ELA – Você fez de propósito!

ELE – Ahh... Claro... Broxei só pra irritar você!

ELA – Aposto que foi por causa dessa mania de se masturbar.

ELE – ... Lá vem você criticar meus passatempos!

ELA – Estou mentindo?

ELE – Não, mas... Você tava sempre com dor de cabeça! Eu tinha que praticar ou esquecia como era!

ELA – Agora a culpa é minha?

ELE – Quer saber? Não vou escrever esquete nenhum! Quer ganhar o prêmio de melhor atriz? Se vira! Vai chorar na frente dos organizadores!

ELA – Chorar? Eu vou é lá transar com todos eles!

ELE – Isso! Vai mesmo! E depois escreve sobre isso, porque vai ser engraçado! Vai... pode ir... Tá esperando o que?

ELA – Você sabe o que... Não vai quebrar a tradição, né?

ELE – Tradição?!

ELA – Poxa... Você esqueceu?!

ELE – Esquecer? Claro que não! Todo casal tem uma tradição, né? Sabe que sou um cara tradicional!

ELA – É... Você esqueceu!

ELE – Não meu bem! Só não estou lembrando!

ELA - E justo agora que tive uma idéia genial...

(PAUSA – SE OLHAM - SE ABRAÇAM)

ELA – Vamos trabalhar?

ELE – Estou pronto!

ELA – Escreve aí...

ELE – “... Oi! Vim assim que soube do concurso de esquetes!”

FIM

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

OPINIÃO - "CENSURA COM APELIDO CARINHOSO"

(TEXTO ESCRITO EM 2008)

Queria entender uma coisa... A nova queridinha do cenário musical, Mallu Magalhães, tinha 15 anos quando anunciaram o show dela no Mistura Fina, aqui no Rio de Janeiro. O evento foi classificado como 18 anos...


Por que isso? Ela tem 15!!! Não deveria nem estar trabalhando, que dirá numa casa noturna, não é?

Profissão: Dono da verdade! É, censura já teve outros nomes, mas classificação etária é só uma atualização, um apelido carinhoso (pra não assustar a população e evitar maiores protestos). No fim, donos da verdade são o que são!

Mas o que é preciso para ser um censor... Ops, quero dizer um “classificador etário”? Bom senso já sabemos que não é. Pode não ser uma tarefa nobre, mas certamente é uma forma fácil de ganhar algum dinheiro.

Será que eu seria poderia ser um classificador etário? Vejamos:

Beijo no rosto - censura livre, beijo na boca - censura 12 anos, mão do rapaz no peito da mocinha (por cima da blusa) – censura 14 anos (sem blusa – 16 anos) e se aparecer o peito (sem a mão do rapaz) censura 18 anos! Não sei bem o critério, mas é algo parecido com isso.

Como todos devem saber as mamas da mulher são coisas vulgares, sem utilidade nenhuma! Uma prova que Darwin estava errado. O peito da mulher é algo que o diabo inventou para perverter a mente dos pobres e ingênuos adolescentes (ou mesmo crianças). Só adultos acima dos 18 podem ver peitos, porque... Bom, não sei por que, mas eu não sou um “classificador etário” (e nem poderia ser).

Se repararmos na época do carnaval, quando aparecem vários peitos de fora, poderemos observar como aumentam o número de adolescentes com as mãos cabeludas e de crianças sofrendo de choque traumático! Coitadinhos!

Qualquer dia vão fazer como já fazem com aquelas “revistinhas” na banca de jornal e as mulheres terão que usar tarjas pretas no decote. Talvez usar algo como aqueles avisos de cigarro, tipo: Mamas fazem mal a saúde.

Mas voltando ao show da Mallu... Já que não tinha idade pra ir ao próprio show, será que ela se apresentou ao vivo, ou só tocaram um cd com as músicas dela? E a platéia, que faixa etária formava a platéia de Mallu, já que muitos de seus fãs, provavelmente a maioria, também não tem 18 anos?

Algo me diz que se dependesse dessa classificação etária o show sequer aconteceria, e outra coisa me diz que ninguém levou a sério essa censura idiota.

Censura nunca mai... 




MEMÓRIA - “O FOTÓGRAFO ACIDENTAL”


Adoro fotografia, sempre gostei, mas demorei muito até ter uma boa câmera, uma de verdade, (semi) profissional e até meus 25 anos só tive uma daquelas velhas “tira-teima”, que só produzia fotos escuras e borradas.

Houve uma época, antes de eu sonhar em ser fotógrafo, que resolvi fazer uma viagem ao sul do Brasil, ao sul do Rio Grande do Sul, num balneário chamado Cassino para ser bem exato. Eu teria ido de avião, mas era muito caro para mim, então fui de ônibus mesmo.

O fato é que na época, acho que na virada de 1991 para 92, sobrevivi àquela viagem e acabei ficando por lá uns três meses. Não porque me apaixonei pelo lugar ou por alguém de lá, mas porque percebi que se voltasse teria que passar mais 36hs dentro de um ônibus... Deu-me certo pânico, então fiquei por ali mesmo.

Eu precisava ganhar uns trocados para poder sobreviver aquele período que passei na região, então arrumei uns trabalhos informais. Ficava durante o dia numa famosa loja de doces do local, chamada Janjão, e num bar a noite. No bar eu fazia bonecos com massa epóxi para o dono do estabelecimento distribuir como suvenir e recebia o pagamento em sanduíches.

Logicamente que, envolvido em tantas atividades e sempre em contato com clientes desses lugares onde fiz biscates, acabei conhecendo muitas pessoas. Entre elas uma estudante universitária, que logo ficou minha amiga a ponto de me oferecer a sua câmera fotográfica emprestada.

Devolvi a câmera dois dias depois e logo comecei a perceber que havia viciado nessa coisa de fazer fotos. Sinais da dependência física já surgiam e eu suava muito (ou seria só calor mesmo?). Como um bom dependente e consumidor que sou, não pensei duas vezes, peguei o dinheiro que recebi na loja de doces (já que não podia usar sanduíches) e comprei uma máquina fotográfica! A máquina era dessas de turistas mesmo (mas melhor que a “tira-teima”, o que não é difícil), só para registrar minha passagem por aquela região, já que dificilmente voltaria ali se dependesse de ônibus!

Com um filme em preto e branco fiz uma marcante foto de uma amiga na praia, fazendo cafuné num vira-lata, com os cabelos ao vento e enquadramento diagonal. Linda a foto! Tudo por acidente, incluindo o charme da diagonal, fruto de um rápido desequilíbrio que quase me levou ao chão. Já com um filme colorido fiz minha primeira experiência ousada ao colocar um óculos escuros na frente da lente pra poder fotografar um casal com o sol ao fundo sem queimar o filme.

Não é que deu certo?

... E na época nem tinha photoshop. Foi sorte legítima!

FICÇÃO - "ZERO ZERO"


UM CASAL DE AMIGOS SE ENCONTRA JUNTO AO BALCÃO DE UM BAR, A NOITE, ONDE CONVERSAM. ELA JÁ MEIO “ALTA”.

 ELE – Desculpe o atraso! Uma coca com gelo por favor (PRO BARMAN)! Me esperou muito?

ELA – Dois copos... Três se contar com esse.

ELE – Isso é um sim?

ELA – Não.

ELE – Ah, bom... Então?

ELA – Então?

ELE – Pois é, eu estava precisando falar contigo.

ELA – Vai falando... (APONTA PRO COPO ENQUANTO CHAMA O BARMAN) Vê mais um!

ELE – ... Pois é, como sabe, estou passando por uma fase difícil.

ELA (INTERROMPENDO E SEMPRE SORRINDO)– Quem não está, né?

ELE – Também está passando por uma fase difícil? Desculpe, se eu soubesse...

ELA – ...Sim?

ELE – Sim o que?

ELA – Se “eu” soubesse...

ELE – Ah, eu... Eu marcaria com você pra gente conversar.

ELA – E aqui estamos! O que você ia falar mesmo?

ELE – É que... Eu tô carente... Me abraça?

ELA – Te abraçar?

ELE – É...

(OS DOIS SE ABRAÇAM)

ELA – Pronto... Quer mais um?

ELE – Quero!

(OUTRO ABRAÇO – ELE INTERROMPE)

... Pronto, chega. Não é bom exagerar ou acabo chorando.

ELA – Você está bem?

ELE – Não!

ELA – Quer falar sobre o que está sentindo?

ELE – Não estou em condições no momento.

ELA – Amanhã, então?

ELE – Muito tempo... Não sobrevivo até lá...

ELA – Bom, então...

ELE - ... É o seguinte: Gostaria de pedir você em namoro, mas preciso de sua amizade... E como você não ficaria comigo mesmo... Ou ficaria?

ELA – Acho melhor deixarmos essa conversa pra depois... Não estou em condições no momento...

ELE – Por isso mesmo, que tem que ser agora! Se você estivesse sóbria eu não teria coragem de confessar o que sinto!

ELA – ... Não era pra ser ao contrário?

ELE – É... Mas como eu não bebo.

ELA – Ahh... Então vou confessar uma coisa também... Eu não bebo Coca.

ELE – Como?

ELA – Eu ... não ... bebo ... Coca!

ELE – Do que esta falando?

ELA – Da minha promessa, uai!

ELE – Você prometeu não beber mais Coca? Que tipo de promessa é essa?

ELA – Do tipo que se faz quando se tem 12 anos.

ELE – Ah, tá... Bebe Pepsi, então...

ELA – Não dá, não gosto de refrigerantes de cola.

ELE – E faz promessa de não beber mais Coca?! Que conveniente, né? Se fosse ao contrário, entenderia.

ELA – Vamos dançar?

ELE – Dançar?!

ELA – É!

ELE - Se tocasse música... Mas isso aí...

ELA – Ahh... Vai... Não seja chato! Eu também não gosto, mas vai ser bom.

ELE – Percebe a incoerência do que disse?

ELA – Não... Estou bêbada...

ELE – Não seja redundante.

ELA – Tá... Vou dançar...

ELE – Ã... Eu espero... Ai meu Deus, que noite!... Ué, já de volta!

ELA -  A pista ta mexendo muito. Fiquei tonta.

ELE – Senta aqui... Vou pedir uma água...

ELA – Não!

ELE – Não quer água?

ELA – Não quero sentar.

ELE – Olha, já percebi que não está bem. Por que não me conta o que aconteceu? Por que está assim?

ELA – Quando eu confiar em você 100%, eu conto.

ELE – Como é que é?!

ELA - Quando eu confiar em você 100%, eu conto.

ELE – E posso saber quantos por cento confia em mim agora?

ELA – Ahh... Agora uns 50%... Talvez 60...

ELE – E o que fiz pra você ter toda essa confiança em mim?

ELA – Sei lá... (INDIGNADA)Você Pediu Coca-cola?

ELE – Sim, ué... Mas pedi pra mim, não pra você... Mas por que estou discutindo isso?

ELA – Por que... Está bêbado?

ELE – Não, você está bêbada, eu sou confuso naturalmente.

ELA – Eu posso estar um pouquinho alta, mas não esqueci que prometeu escrever uma peça pra mim... Pra eu ser a protagonista!

ELE – ... Levou aquilo a sério?

ELA – Como? Não era sério? Não vou ser protagonista? Você me acha canastrona?

ELE – Não eu acho você ótima!

ELA – Quer me levar pra cama, né? Pra fazer o teste do sofá!

ELE – Olha...

ELA – Sabia... Você sabia que coleciono sapos?!

ELE – Ah, tá... Entendi. Seu personagem coleciona sapos, né?

ELA – Não! Eu coleciono! (improviso livre)Tenho sapo de pelúcia, de pano, de acrílico, de porcelana, ... As pessoas trazem, sabe como é, né? Sapos verdes... Eu amo verde! Qual sua cor preferida?

ELE – Olha só... Vou ser bem direto! Fica comigo esta noite?

ELA – Tá, eu fico, mas só porque você é gay.

ELE – O que?! Mas não sou gay!

ELA – NÃO?!

ELE - NÃO!

ELA – Ahh... Então,não... Sai.

ELE – Tá... Então sou gay!

ELA – Sério? Vai chutar o balde, assim, só pra me levar pra cama? Se queria assumir era só dizer.

ELE – Desisto... Vem, vamos embora.

ELA – Já?

ELE – Está tarde... Vem, vou te levar pra casa.

ELA – Hummm... Pra casa? E o que você vai fazer? Hein?

ELE – Chorar, ué! O que mais me resta?

ELA – Mas chorar por que?

ELE – Por que? Sei lá... Hábito, eu acho...

ELA – Ah... Fica assim não. Vamos fazer o seguinte, fica lá em casa hoje. Quer?

ELE – CLARO! Vamos lá!

ELA – É aqui... Entra, fica a vontade (ELA DEITA NA CAMA)... Tira a roupa se quiser.

ELE – Mas já? Nem um cafezinho?

ELA – Não tem café.

ELE – Então vou apagar a luz...Posso?

ELA – Deve!

ELE (DEITANDO)- Não vai me dar um beijo?

ELA – Claro (BEIJO NO ROSTO)! Boa noite!

FIM