UM CASAL DE AMIGOS SE ENCONTRA JUNTO AO BALCÃO DE UM BAR, A NOITE, ONDE CONVERSAM. ELA JÁ MEIO “ALTA”.
ELA – Dois copos... Três se contar com esse.
ELE – Isso é um sim?
ELA – Não.
ELE – Ah, bom... Então?
ELA – Então?
ELE – Pois é, eu estava precisando falar contigo.
ELA – Vai falando... (APONTA PRO COPO ENQUANTO CHAMA O BARMAN) Vê mais um!
ELE – ... Pois é, como sabe, estou passando por uma fase difícil.
ELA (INTERROMPENDO E SEMPRE SORRINDO)– Quem não está, né?
ELE – Também está passando por uma fase difícil? Desculpe, se eu soubesse...
ELA – ...Sim?
ELE – Sim o que?
ELA – Se “eu” soubesse...
ELE – Ah, eu... Eu marcaria com você pra gente conversar.
ELA – E aqui estamos! O que você ia falar mesmo?
ELE – É que... Eu tô carente... Me abraça?
ELA – Te abraçar?
ELE – É...
(OS DOIS SE ABRAÇAM)
ELA – Pronto... Quer mais um?
ELE – Quero!
(OUTRO ABRAÇO – ELE INTERROMPE)
... Pronto, chega. Não é bom exagerar ou acabo chorando.
ELA – Você está bem?
ELE – Não!
ELA – Quer falar sobre o que está sentindo?
ELE – Não estou em condições no momento.
ELA – Amanhã, então?
ELE – Muito tempo... Não sobrevivo até lá...
ELA – Bom, então...
ELE - ... É o seguinte: Gostaria de pedir você em namoro, mas preciso de sua amizade... E como você não ficaria comigo mesmo... Ou ficaria?
ELA – Acho melhor deixarmos essa conversa pra depois... Não estou em condições no momento...
ELE – Por isso mesmo, que tem que ser agora! Se você estivesse sóbria eu não teria coragem de confessar o que sinto!
ELA – ... Não era pra ser ao contrário?
ELE – É... Mas como eu não bebo.
ELA – Ahh... Então vou confessar uma coisa também... Eu não bebo Coca.
ELE – Como?
ELA – Eu ... não ... bebo ... Coca!
ELE – Do que esta falando?
ELA – Da minha promessa, uai!
ELE – Você prometeu não beber mais Coca? Que tipo de promessa é essa?
ELA – Do tipo que se faz quando se tem 12 anos.
ELE – Ah, tá... Bebe Pepsi, então...
ELA – Não dá, não gosto de refrigerantes de cola.
ELE – E faz promessa de não beber mais Coca?! Que conveniente, né? Se fosse ao contrário, entenderia.
ELA – Vamos dançar?
ELE – Dançar?!
ELA – É!
ELE - Se tocasse música... Mas isso aí...
ELA – Ahh... Vai... Não seja chato! Eu também não gosto, mas vai ser bom.
ELE – Percebe a incoerência do que disse?
ELA – Não... Estou bêbada...
ELE – Não seja redundante.
ELA – Tá... Vou dançar...
ELE – Ã... Eu espero... Ai meu Deus, que noite!... Ué, já de volta!
ELA - A pista ta mexendo muito. Fiquei tonta.
ELE – Senta aqui... Vou pedir uma água...
ELA – Não!
ELE – Não quer água?
ELA – Não quero sentar.
ELE – Olha, já percebi que não está bem. Por que não me conta o que aconteceu? Por que está assim?
ELA – Quando eu confiar em você 100%, eu conto.
ELE – Como é que é?!
ELA - Quando eu confiar em você 100%, eu conto.
ELE – E posso saber quantos por cento confia em mim agora?
ELA – Ahh... Agora uns 50%... Talvez 60...
ELE – E o que fiz pra você ter toda essa confiança em mim?
ELA – Sei lá... (INDIGNADA)Você Pediu Coca-cola?
ELE – Sim, ué... Mas pedi pra mim, não pra você... Mas por que estou discutindo isso?
ELA – Por que... Está bêbado?
ELE – Não, você está bêbada, eu sou confuso naturalmente.
ELA – Eu posso estar um pouquinho alta, mas não esqueci que prometeu escrever uma peça pra mim... Pra eu ser a protagonista!
ELE – ... Levou aquilo a sério?
ELA – Como? Não era sério? Não vou ser protagonista? Você me acha canastrona?
ELE – Não eu acho você ótima!
ELA – Quer me levar pra cama, né? Pra fazer o teste do sofá!
ELE – Olha...
ELA – Sabia... Você sabia que coleciono sapos?!
ELE – Ah, tá... Entendi. Seu personagem coleciona sapos, né?
ELA – Não! Eu coleciono! (improviso livre)Tenho sapo de pelúcia, de pano, de acrílico, de porcelana, ... As pessoas trazem, sabe como é, né? Sapos verdes... Eu amo verde! Qual sua cor preferida?
ELE – Olha só... Vou ser bem direto! Fica comigo esta noite?
ELA – Tá, eu fico, mas só porque você é gay.
ELE – O que?! Mas não sou gay!
ELA – NÃO?!
ELE - NÃO!
ELA – Ahh... Então,não... Sai.
ELE – Tá... Então sou gay!
ELA – Sério? Vai chutar o balde, assim, só pra me levar pra cama? Se queria assumir era só dizer.
ELE – Desisto... Vem, vamos embora.
ELA – Já?
ELE – Está tarde... Vem, vou te levar pra casa.
ELA – Hummm... Pra casa? E o que você vai fazer? Hein?
ELE – Chorar, ué! O que mais me resta?
ELA – Mas chorar por que?
ELE – Por que? Sei lá... Hábito, eu acho...
ELA – Ah... Fica assim não. Vamos fazer o seguinte, fica lá em casa hoje. Quer?
ELE – CLARO! Vamos lá!
ELA – É aqui... Entra, fica a vontade (ELA DEITA NA CAMA)... Tira a roupa se quiser.
ELE – Mas já? Nem um cafezinho?
ELA – Não tem café.
ELE – Então vou apagar a luz...Posso?
ELA – Deve!
ELE (DEITANDO)- Não vai me dar um beijo?
ELA – Claro (BEIJO NO ROSTO)! Boa noite!
Nenhum comentário:
Postar um comentário