segunda-feira, 31 de outubro de 2011

OPINIÃO - "CENSURA COM APELIDO CARINHOSO"

(TEXTO ESCRITO EM 2008)

Queria entender uma coisa... A nova queridinha do cenário musical, Mallu Magalhães, tinha 15 anos quando anunciaram o show dela no Mistura Fina, aqui no Rio de Janeiro. O evento foi classificado como 18 anos...


Por que isso? Ela tem 15!!! Não deveria nem estar trabalhando, que dirá numa casa noturna, não é?

Profissão: Dono da verdade! É, censura já teve outros nomes, mas classificação etária é só uma atualização, um apelido carinhoso (pra não assustar a população e evitar maiores protestos). No fim, donos da verdade são o que são!

Mas o que é preciso para ser um censor... Ops, quero dizer um “classificador etário”? Bom senso já sabemos que não é. Pode não ser uma tarefa nobre, mas certamente é uma forma fácil de ganhar algum dinheiro.

Será que eu seria poderia ser um classificador etário? Vejamos:

Beijo no rosto - censura livre, beijo na boca - censura 12 anos, mão do rapaz no peito da mocinha (por cima da blusa) – censura 14 anos (sem blusa – 16 anos) e se aparecer o peito (sem a mão do rapaz) censura 18 anos! Não sei bem o critério, mas é algo parecido com isso.

Como todos devem saber as mamas da mulher são coisas vulgares, sem utilidade nenhuma! Uma prova que Darwin estava errado. O peito da mulher é algo que o diabo inventou para perverter a mente dos pobres e ingênuos adolescentes (ou mesmo crianças). Só adultos acima dos 18 podem ver peitos, porque... Bom, não sei por que, mas eu não sou um “classificador etário” (e nem poderia ser).

Se repararmos na época do carnaval, quando aparecem vários peitos de fora, poderemos observar como aumentam o número de adolescentes com as mãos cabeludas e de crianças sofrendo de choque traumático! Coitadinhos!

Qualquer dia vão fazer como já fazem com aquelas “revistinhas” na banca de jornal e as mulheres terão que usar tarjas pretas no decote. Talvez usar algo como aqueles avisos de cigarro, tipo: Mamas fazem mal a saúde.

Mas voltando ao show da Mallu... Já que não tinha idade pra ir ao próprio show, será que ela se apresentou ao vivo, ou só tocaram um cd com as músicas dela? E a platéia, que faixa etária formava a platéia de Mallu, já que muitos de seus fãs, provavelmente a maioria, também não tem 18 anos?

Algo me diz que se dependesse dessa classificação etária o show sequer aconteceria, e outra coisa me diz que ninguém levou a sério essa censura idiota.

Censura nunca mai... 




MEMÓRIA - “O FOTÓGRAFO ACIDENTAL”


Adoro fotografia, sempre gostei, mas demorei muito até ter uma boa câmera, uma de verdade, (semi) profissional e até meus 25 anos só tive uma daquelas velhas “tira-teima”, que só produzia fotos escuras e borradas.

Houve uma época, antes de eu sonhar em ser fotógrafo, que resolvi fazer uma viagem ao sul do Brasil, ao sul do Rio Grande do Sul, num balneário chamado Cassino para ser bem exato. Eu teria ido de avião, mas era muito caro para mim, então fui de ônibus mesmo.

O fato é que na época, acho que na virada de 1991 para 92, sobrevivi àquela viagem e acabei ficando por lá uns três meses. Não porque me apaixonei pelo lugar ou por alguém de lá, mas porque percebi que se voltasse teria que passar mais 36hs dentro de um ônibus... Deu-me certo pânico, então fiquei por ali mesmo.

Eu precisava ganhar uns trocados para poder sobreviver aquele período que passei na região, então arrumei uns trabalhos informais. Ficava durante o dia numa famosa loja de doces do local, chamada Janjão, e num bar a noite. No bar eu fazia bonecos com massa epóxi para o dono do estabelecimento distribuir como suvenir e recebia o pagamento em sanduíches.

Logicamente que, envolvido em tantas atividades e sempre em contato com clientes desses lugares onde fiz biscates, acabei conhecendo muitas pessoas. Entre elas uma estudante universitária, que logo ficou minha amiga a ponto de me oferecer a sua câmera fotográfica emprestada.

Devolvi a câmera dois dias depois e logo comecei a perceber que havia viciado nessa coisa de fazer fotos. Sinais da dependência física já surgiam e eu suava muito (ou seria só calor mesmo?). Como um bom dependente e consumidor que sou, não pensei duas vezes, peguei o dinheiro que recebi na loja de doces (já que não podia usar sanduíches) e comprei uma máquina fotográfica! A máquina era dessas de turistas mesmo (mas melhor que a “tira-teima”, o que não é difícil), só para registrar minha passagem por aquela região, já que dificilmente voltaria ali se dependesse de ônibus!

Com um filme em preto e branco fiz uma marcante foto de uma amiga na praia, fazendo cafuné num vira-lata, com os cabelos ao vento e enquadramento diagonal. Linda a foto! Tudo por acidente, incluindo o charme da diagonal, fruto de um rápido desequilíbrio que quase me levou ao chão. Já com um filme colorido fiz minha primeira experiência ousada ao colocar um óculos escuros na frente da lente pra poder fotografar um casal com o sol ao fundo sem queimar o filme.

Não é que deu certo?

... E na época nem tinha photoshop. Foi sorte legítima!

FICÇÃO - "ZERO ZERO"


UM CASAL DE AMIGOS SE ENCONTRA JUNTO AO BALCÃO DE UM BAR, A NOITE, ONDE CONVERSAM. ELA JÁ MEIO “ALTA”.

 ELE – Desculpe o atraso! Uma coca com gelo por favor (PRO BARMAN)! Me esperou muito?

ELA – Dois copos... Três se contar com esse.

ELE – Isso é um sim?

ELA – Não.

ELE – Ah, bom... Então?

ELA – Então?

ELE – Pois é, eu estava precisando falar contigo.

ELA – Vai falando... (APONTA PRO COPO ENQUANTO CHAMA O BARMAN) Vê mais um!

ELE – ... Pois é, como sabe, estou passando por uma fase difícil.

ELA (INTERROMPENDO E SEMPRE SORRINDO)– Quem não está, né?

ELE – Também está passando por uma fase difícil? Desculpe, se eu soubesse...

ELA – ...Sim?

ELE – Sim o que?

ELA – Se “eu” soubesse...

ELE – Ah, eu... Eu marcaria com você pra gente conversar.

ELA – E aqui estamos! O que você ia falar mesmo?

ELE – É que... Eu tô carente... Me abraça?

ELA – Te abraçar?

ELE – É...

(OS DOIS SE ABRAÇAM)

ELA – Pronto... Quer mais um?

ELE – Quero!

(OUTRO ABRAÇO – ELE INTERROMPE)

... Pronto, chega. Não é bom exagerar ou acabo chorando.

ELA – Você está bem?

ELE – Não!

ELA – Quer falar sobre o que está sentindo?

ELE – Não estou em condições no momento.

ELA – Amanhã, então?

ELE – Muito tempo... Não sobrevivo até lá...

ELA – Bom, então...

ELE - ... É o seguinte: Gostaria de pedir você em namoro, mas preciso de sua amizade... E como você não ficaria comigo mesmo... Ou ficaria?

ELA – Acho melhor deixarmos essa conversa pra depois... Não estou em condições no momento...

ELE – Por isso mesmo, que tem que ser agora! Se você estivesse sóbria eu não teria coragem de confessar o que sinto!

ELA – ... Não era pra ser ao contrário?

ELE – É... Mas como eu não bebo.

ELA – Ahh... Então vou confessar uma coisa também... Eu não bebo Coca.

ELE – Como?

ELA – Eu ... não ... bebo ... Coca!

ELE – Do que esta falando?

ELA – Da minha promessa, uai!

ELE – Você prometeu não beber mais Coca? Que tipo de promessa é essa?

ELA – Do tipo que se faz quando se tem 12 anos.

ELE – Ah, tá... Bebe Pepsi, então...

ELA – Não dá, não gosto de refrigerantes de cola.

ELE – E faz promessa de não beber mais Coca?! Que conveniente, né? Se fosse ao contrário, entenderia.

ELA – Vamos dançar?

ELE – Dançar?!

ELA – É!

ELE - Se tocasse música... Mas isso aí...

ELA – Ahh... Vai... Não seja chato! Eu também não gosto, mas vai ser bom.

ELE – Percebe a incoerência do que disse?

ELA – Não... Estou bêbada...

ELE – Não seja redundante.

ELA – Tá... Vou dançar...

ELE – Ã... Eu espero... Ai meu Deus, que noite!... Ué, já de volta!

ELA -  A pista ta mexendo muito. Fiquei tonta.

ELE – Senta aqui... Vou pedir uma água...

ELA – Não!

ELE – Não quer água?

ELA – Não quero sentar.

ELE – Olha, já percebi que não está bem. Por que não me conta o que aconteceu? Por que está assim?

ELA – Quando eu confiar em você 100%, eu conto.

ELE – Como é que é?!

ELA - Quando eu confiar em você 100%, eu conto.

ELE – E posso saber quantos por cento confia em mim agora?

ELA – Ahh... Agora uns 50%... Talvez 60...

ELE – E o que fiz pra você ter toda essa confiança em mim?

ELA – Sei lá... (INDIGNADA)Você Pediu Coca-cola?

ELE – Sim, ué... Mas pedi pra mim, não pra você... Mas por que estou discutindo isso?

ELA – Por que... Está bêbado?

ELE – Não, você está bêbada, eu sou confuso naturalmente.

ELA – Eu posso estar um pouquinho alta, mas não esqueci que prometeu escrever uma peça pra mim... Pra eu ser a protagonista!

ELE – ... Levou aquilo a sério?

ELA – Como? Não era sério? Não vou ser protagonista? Você me acha canastrona?

ELE – Não eu acho você ótima!

ELA – Quer me levar pra cama, né? Pra fazer o teste do sofá!

ELE – Olha...

ELA – Sabia... Você sabia que coleciono sapos?!

ELE – Ah, tá... Entendi. Seu personagem coleciona sapos, né?

ELA – Não! Eu coleciono! (improviso livre)Tenho sapo de pelúcia, de pano, de acrílico, de porcelana, ... As pessoas trazem, sabe como é, né? Sapos verdes... Eu amo verde! Qual sua cor preferida?

ELE – Olha só... Vou ser bem direto! Fica comigo esta noite?

ELA – Tá, eu fico, mas só porque você é gay.

ELE – O que?! Mas não sou gay!

ELA – NÃO?!

ELE - NÃO!

ELA – Ahh... Então,não... Sai.

ELE – Tá... Então sou gay!

ELA – Sério? Vai chutar o balde, assim, só pra me levar pra cama? Se queria assumir era só dizer.

ELE – Desisto... Vem, vamos embora.

ELA – Já?

ELE – Está tarde... Vem, vou te levar pra casa.

ELA – Hummm... Pra casa? E o que você vai fazer? Hein?

ELE – Chorar, ué! O que mais me resta?

ELA – Mas chorar por que?

ELE – Por que? Sei lá... Hábito, eu acho...

ELA – Ah... Fica assim não. Vamos fazer o seguinte, fica lá em casa hoje. Quer?

ELE – CLARO! Vamos lá!

ELA – É aqui... Entra, fica a vontade (ELA DEITA NA CAMA)... Tira a roupa se quiser.

ELE – Mas já? Nem um cafezinho?

ELA – Não tem café.

ELE – Então vou apagar a luz...Posso?

ELA – Deve!

ELE (DEITANDO)- Não vai me dar um beijo?

ELA – Claro (BEIJO NO ROSTO)! Boa noite!

FIM