segunda-feira, 31 de outubro de 2011

MEMÓRIA - “O FOTÓGRAFO ACIDENTAL”


Adoro fotografia, sempre gostei, mas demorei muito até ter uma boa câmera, uma de verdade, (semi) profissional e até meus 25 anos só tive uma daquelas velhas “tira-teima”, que só produzia fotos escuras e borradas.

Houve uma época, antes de eu sonhar em ser fotógrafo, que resolvi fazer uma viagem ao sul do Brasil, ao sul do Rio Grande do Sul, num balneário chamado Cassino para ser bem exato. Eu teria ido de avião, mas era muito caro para mim, então fui de ônibus mesmo.

O fato é que na época, acho que na virada de 1991 para 92, sobrevivi àquela viagem e acabei ficando por lá uns três meses. Não porque me apaixonei pelo lugar ou por alguém de lá, mas porque percebi que se voltasse teria que passar mais 36hs dentro de um ônibus... Deu-me certo pânico, então fiquei por ali mesmo.

Eu precisava ganhar uns trocados para poder sobreviver aquele período que passei na região, então arrumei uns trabalhos informais. Ficava durante o dia numa famosa loja de doces do local, chamada Janjão, e num bar a noite. No bar eu fazia bonecos com massa epóxi para o dono do estabelecimento distribuir como suvenir e recebia o pagamento em sanduíches.

Logicamente que, envolvido em tantas atividades e sempre em contato com clientes desses lugares onde fiz biscates, acabei conhecendo muitas pessoas. Entre elas uma estudante universitária, que logo ficou minha amiga a ponto de me oferecer a sua câmera fotográfica emprestada.

Devolvi a câmera dois dias depois e logo comecei a perceber que havia viciado nessa coisa de fazer fotos. Sinais da dependência física já surgiam e eu suava muito (ou seria só calor mesmo?). Como um bom dependente e consumidor que sou, não pensei duas vezes, peguei o dinheiro que recebi na loja de doces (já que não podia usar sanduíches) e comprei uma máquina fotográfica! A máquina era dessas de turistas mesmo (mas melhor que a “tira-teima”, o que não é difícil), só para registrar minha passagem por aquela região, já que dificilmente voltaria ali se dependesse de ônibus!

Com um filme em preto e branco fiz uma marcante foto de uma amiga na praia, fazendo cafuné num vira-lata, com os cabelos ao vento e enquadramento diagonal. Linda a foto! Tudo por acidente, incluindo o charme da diagonal, fruto de um rápido desequilíbrio que quase me levou ao chão. Já com um filme colorido fiz minha primeira experiência ousada ao colocar um óculos escuros na frente da lente pra poder fotografar um casal com o sol ao fundo sem queimar o filme.

Não é que deu certo?

... E na época nem tinha photoshop. Foi sorte legítima!

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