domingo, 13 de fevereiro de 2011

OPINIÃO - "LUGAR DE LIXO É NO CHÃO"


Eu não sou de acreditar em muitas coisas, acredito só em coisas possíveis de serem comprovadas, como Papai Noel, discos-voadores e casas mal assombradas. Assuntos fascinantes! Outra coisa que eu acreditava era que lugar de restos era na lata de lixo, acreditava mesmo, com fé! Não conseguia ver que a realidade era outra e estava bem ali, na frente de meus olhos... Lugar de lixo é no chão!!!

Acho que só no cinema não pode, não sei porque essa repressão lá, mas passa até um filminho avisando (pedindo) para que não deixem seus lixos espalhados pela sala de exibição. Claro que sempre existem os contestadores que lutam contra a repressão e se rebelam espalhando seus lixos pelo cinema... ABAIXO A DITADURA! ABAIXO A DITADURA! Eu que sou covarde e não quero ser rebelde e nem revolucionário, recolho quietinho meu lixo e jogo fora sem que ninguém veja, pra não passar vergonha. Uma pessoa bem educada não pode ser vista jogando lixo no lixo, até porque seria redundância.

Um dia me deixei ser apanhado num ato vergonhoso. Foi assim: Eu estava em na rodoviária da bucólica Tiradentes (MG), conversando com uma amiga e na nossa frente um ônibus esperava a hora de sair para levar seus passageiros até a cidade vizinha. De repente fomos interrompidos por um OVNI (Objeto Voador Não Identificado) que saiu de dentro do ônibus e caindo no chão, quase aos meus pés. Eu num impulso instintivo e impensado apanhei o OVNI, que era uma bolinha de papel amassado e brilhante, e joguei no cesto de lixo... Esse foi meu erro! Quando olhei na direção do ônibus vi o rapaz, que havia acabado de lançar o OVNI laminado ao chão, me fuzilando com um olhar de ódio que me deu até arrepios! E ainda avisou a namorada ao lado, sobre o absurdo e imoral ato que eu havia cometido! Que vergonha!
Os fumantes? Ah, esses são os mais fascinantes e como os animais na natureza marcam seus territórios, jogando o que sobra do cigarro fumado por onde passam. Podem reparar, não titubeiam, tiram o “cotôco” de cigarro da boca e sem nem mesmo apagar, jogam direto no chão! Fascinante!

Sei que eu, com meu saquinho portátil para por o lixo produzido por mim, sou uma gotinha no oceano e não ponho em risco, nem de perto, a tradição e os bons costumes de marcar território com sujeira particular. Então, por favor, não me condenem como o rapaz de Tiradentes... Libertas Quae Será Tamen!!!     


MEMÓRIA - “COMO MATAR UM POODLE”


Em 1995 entrei para um curso de animação... Não!!! NÃO é de animador de festa! É curso de desenhos animados e animação de objetos, para fazer parecer que coisas paradas se mexem!

Pra dar uma idéia do trabalho que dá, vou resumir: Faríamos um filme coletivo onde cada um ficaria responsável por uma vinheta de uns 20 ou 30 segundos. O meu filmete animado ficou em 23 segundos e 165 desenhos feitos a mão, um a um e coloridos com lápis de cor! Assustador, né?

Mas ok, vamos pular essa parte didática.

Assim que terminamos reunimos a turma toda pra produzir outro filme, independentemente do curso. Várias idéias de temas e títulos surgiram. Idéias bizarras não faltaram. Na hora de votar foi unânime: “Como Matar Um Poodle”!

Conseguimos fazer e terminar o projeto a tempo de exibi-lo no aclamado Festival Animamundi.

Infelizmente as coisas não saíram bem como esperávamos... Primeiro que ficamos fora do catálogo oficial porque a organização não acreditou que terminaríamos a tempo. Segundo porque as sessões de nossa obra coletiva foram muito prejudicadas por causa das fortes chuvas, com o detalhe que a projeção do nosso trabalho era numa tenda (praticamente improvisada) ao ar livre e com um equipamento de som defeituoso... Resultado: Nenhuma pessoa viu nosso filme nesses dias, nem um cachorro vira-latas sequer (que dirá poodle).

Sobrou então mais uma esperança, que era conseguir encaixá-lo na última sessão do evento, dentro do cinema onde ocorriam as sessões oficiais. Como nos avisaram que isso seria possível, convidamos família e amigos para assistirem a nossa “obra prima”!

Chega o grande momento! Cinema lotado e finalmente entra o apresentador da sessão para anunciar os filmes que passariam. Tirou um papel do bolso, leu os títulos, mas... Não citou o nosso.

O apresentador já ia saindo quando uma amiga minha perguntou em alto e bom tom: “-E o filme ‘Como Matar o Poodle’?”.

O apresentador parou, pigarreou e deu a notícia bombástica: “- Esse filme não será exibido nesta sessão.”!

Isso bastou para que todos na platéia se manifestassem, “latindo” e “uivando”. Não tinha uma pessoa sequer, que estivesse ali pra assistir a outra coisa. Deviam ser mais de 200 pessoas fazendo um barulho danado.

Do lado de fora meu amigo Bravo protestava contra nossa exclusão e numa cena digna de hollywood, rasgou sua camisa do evento debaixo de uma chuva torrencial e vestiu a do “...Poodle”. Foi histórico!

Os organizadores não tiveram outra opção senão passarem nosso filme.

“Como Matar Um Poodle” foi a única obra de animação 100% nacional e independente daquele ano.


FICÇÃO - “PAREI”


Pois é, pra mim chega! De agora em diante vou parar de pensar nos problemas dos outros e pensar mais em mim, na minha vida. Vou sair dessa antes de ser consumida pela depressão... Pior, depressão dos outros! As pessoas são muito carentes, credo! Não agüento isso mais não, quero realizar minhas fantasias, quero viajar, quero não me preocupar com nada, quero exercitar minha libido sem culpas! Essa situação em que me coloquei me angustia demais, não sei porque me meto nessas roubadas, sinceramente! Só posso estar me sabotando, claro! Mas agora chega dessa fobia que me castra a possibilidade de viver uma simples alegria. Não tenho mais medo... Hora de jogar tudo pro alto, toda esta droga! Que se danem o que vão pensar de mim, se querem achar que é inveja, que pensem, se acham que estou tendo uma crise histérica, não estou nem aí! Vou sair e fazer coisas que nunca fiz, mas sempre tive vontade, sem culpas! Afetos e emoções? Adeus! Chega desse maldito tédio de casamento pra cá, de consultório pra lá... Chega dessa rotina socio-hipócrita... Vou viver loucuras que nunca vivi, experiências sado-masoquistas e outras coisas exóticas!

...Chega dessa coisa de terapia. Não tenho mais saco! ...Olha, não vou mais poder lhe atender, seu tempo acabou... Pode pagar na recepção!