quinta-feira, 30 de junho de 2011

OPINIÃO - "MEUS DELÍRIOS DE POLÍTICA"


Eu achava que detestava política, porque não me sinto atraído por assuntos que envolvam questões do tipo, mas percebi que essa minha implicância se deve ao descaso de nossos egocêntricos candidatos.

Outro dia, num esforço atroz pra lembrar do nome dos ilustres, vieram a minha mente palavras que lembravam o nome de uma dupla sertaneja, algo como: “Coelhinho da Páscoa e Bicho Papão”!

É, reconheço que política não seja um assunto que eu domine... Mas mesmo com toda minha vergonhosa ignorância no assunto e esquecimentos que não tem perdão, arrisco imaginar soluções para um melhor funcionamento de nossa “democracia” (assim mesmo entre aspas, porque não acredito nessa suposta democracia, baseada na ignorância do povo).

Acredito que os políticos, assim que tomam posses de seus cargos deveriam perder seus direitos civis... Isso mesmo, não estou brincando. A liberdade deles, e da família, seria resumida aos bens e usos de serviços públicos. Nada mais de clínicas de saúdes particulares, restaurantes finos, colégios ou faculdades particulares e caros. Nada de ostentações sustentadas pelo dinheiro do contribuinte.

Nosso dinheiro pagaria, talvez, um salário justo (talvez também, pois não merecem tanto) e de resto, como sustentamos o serviço público, nada mais justo (para nós) que os nossos políticos se servissem somente dos mesmo benefícios que nós mortais. Sendo assim, tenho certeza de que, rapidamente, teríamos uma melhora significativa em todo sistema público de educação, saúde e todo o resto!



Já pensou que simpático encontrar o prefeito na reunião de pais da escola pública, falando de seu filho e coleguinhas matriculados ali? Ou ainda encontrar o governador e sua senhora na fila do SUS pra tratarem de uma violenta gripe... Nossa! Seria incrível! Nosso sistema público finalmente teria qualidade de instituições particulares, com todo recurso e estruturas necessárias para um bom atendimento!  

Claro que não podemos esperar que os digníssimos se submetam a tanta humilhação. Afinal, humilhação é direito só do povo (considerando que políticos e povo são coisas diferentes).

Mas um amigo vai mais longe, e acha que políticos nem deviam ter salário, que o trabalho deles deveria ser voluntário! É... Melhor parar de falar ou vão querer jogar eu e meu amigo num hospício do sistema público... Credo!

MEMÓRIA - "ARTE SEQÜENCIAL"

Eu tinha 24 anos e já havia terminado a escola a cinco anos, em 1989, e desde então só fazia cursos... Curso de histórias em quadrinhos, de desenho, de aquarela, roteiro e por aí vai (nada prático ou que fosse considerado como trabalho). Mas foi em meados de 1994, voltando de um curso de artes gráficas que tudo mudou! Peguei um ônibus errado e tive de descer no meio do caminho para pegar outro. Saltei bem em frente a uma faculdade que anunciava em letras garrafais: ”Vestibular de meio de ano – Inscrições abertas”.

Curioso entrei e fui pedir informações na secretaria onde uma moça muito competente e prestativa me deu uns papéis e sumiu por uma porta (de onde não voltou). Eram papéis de inscrição (e não de informações, como eu esperava), então para passar o tempo resolvi preenchê-lo e ao fim, por fim, aparece alguém, outra moça, pra quem entrego minha ficha devidamente preenchida, mas ainda sem minhas informações. Ameacei não entregar a ficha se ao menos não me dissesse quando seriam as provas. “- Depois de amanhã”, disse ela já me entregando uma outra folha com regulamentos da prova. Quando fui tirar uma dúvida, ela já havia sumido por aquela porta misteriosa.

Com dois dias pra me preparar para a prova do vestibular, fiz o óbvio, separei todos os antigos livros da escola que tinha em casa e coloquei-os todos sobre a mesa. Depois liguei a tv, peguei um filme na pilha de VHS’s e fiz uma maratona digna de um cinéfilo durante as 48hs que se seguiram (com pausa para ir ao banheiro, dormir e comer, logicamente). Os livros, ali, me fizeram companhia sempre com aquele silêncio austero que lhes é peculiar, até o último momento.

Não contei a ninguém que faria a tal prova, afinal nem ia passar mesmo. Já não estudava nada semelhante ao que pediam para o concurso, desde que saí da escola 5 anos antes, e só tinha dois dias pra rever uns dez anos de matéria... Sem chances! Iria fazer por pura curiosidade (ou puro masoquismo, sei lá).

No dia da prova eu estava tranqüilo, não tinha nada a perder, só aquela manhã mesmo, mas como era uma questão de honra, acordei a contra gosto e fui pro matadouro.

Não foi ruim como eu esperava. Foi como marcar o bilhete da loteria. Ao meu lado um menino marcava as lacunas formando um desenho. Era uma questão de sorte pela estética. Eu tentei algo diferente e tentei a sorte pela razão, se é que isso é compatível, e li cada questão pra ver o que eu sabia. De fato não lembrava de nada, mas ao menos tentei.

Dias depois fui pegar meu resultado (não sei pra que, não passaria mesmo). E pra minha surpresa... PASSEI!!! Nossa, que coisa... Será que dizer que o fato de ter feito o concurso numa faculdade particular, faz diferença? Não importa, pra mim não fez!

Me formei em jornalismo!

... E agora trabalho com histórias em quadrinhos.

FICÇÃO - "FUNDO DO POÇO"

Atila era um ser tão desprezível que sua alma foi rejeitado até no inferno. “- Não quero concorrência! Fora daqui!” Disse Lúcifer barrando aquele espírito que já era podre antes mesmo da decomposição de seu corpo físico. No céu nem arriscou entrar, pois sabia que os anjos que guardam o portão do paraíso o mandariam para o inferno.

Não tendo para onde ir, voltou ao cemitério onde fora enterrado e fez reflexões pessoais sobre sua última morada. “- Enterrado numa cova rasa! Se ainda fosse naquele mausoléu triplex. Aquilo sim é vida... Ou morte”. Saber que depois de dar duro em tantos golpes, a sua vida toda, para acabar naquela situação era a maior humilhação que podia sofrer.

Como ser golpista e mau-caráter era de sua natureza, nem aquela situação modificou seus impulsos e lá foi ele tentar um golpe em algum morador daquela necrópole. Mas dar golpe em quem? Para ganhar o que?

Depois de descobrir que do mundo nada se leva, descobriu que do outro lado também nada se ganha, com ou sem golpes.

Olhou em volta atrás de algum fantasma fêmea que pudesse fazê-lo se sentir vivo, mesmo que tudo nele tivesse morto. Só não chorou em sua melancólica realidade, porque as lágrimas também não existiam mais. Como consolo, choveu!

Graças a água da chuva uma plantinha brotou na terra que cobria seu corpo. Atila sorriu e pensou que aquilo devia ser sinal de boa sorte ou que era um sinal da natureza pra mostrar solidariedade.

Era um pé de urtiga, mas logo secou.

Certo dia um simpático vira-latas se aproximou, abanou o rabinho com alegria, como costumam fazer quando estão alegres. Atila sorriu mais uma vez: “- Está me vendo né cachorrinho? Vem cá! Me faz companhia!” O cachorro abanou ainda mais o rabinho, deu algumas voltas no espaço de terra onde Atila estava enterrado, parou, cheirou o chão, se aproximou da planta seca com certo receio, levantou a perninha e fez xixi.

Atila quis morrer de raiva, mas já estava morto!