sexta-feira, 29 de abril de 2011

OPINIÃO - "A MALDIÇÃO DA MÚMIA"

Sempre ouço a assustadora frase “quem vive de passado é museu” e o brasileiro acredita tanto nisso que faz questão de esquecer tudo, como se a história do mundo ou mesmo as pessoais, não tivessem valor algum, mas o assunto aqui não é a memória do povo não, mas a displicência com que as autoridades cuidam de verdadeiros testemunhos deixados por nossos antepassados e que agonizam em meio ao mofo do descaso.

Um caso que me impressionou muito a alguns anos foi o de uma múmia, encarcerada em um de nossos pobres museus. Curiosamente a maldição atingiu não a nós, mas a própria múmia, coitada, que sobreviveu (se é que podemos dizer assim) escondida por uns dois mil anos enterrada em algum deserto. Encontrada por algum Indiana Jones, ela estava sendo transportada para algum lugar, que não me lembro agora pra onde era, mas certamente não era pro Brasil. Para azar da pobre múmia, veio parar em território tupiniquim por engano, ainda na época do império.

Percebemos o engano, até onde sei, mas pra que desfazer o mal entendido e devolver a pobre múmia azarada e embolorada? Ficamos com ela, claro! Mas a parte mais assustadora dessa incrível jornada vivida (se é que se pode dizer assim) pela múmia, é que ela foi capaz de viver seus dois mil anos no deserto, completamente intacta, bem preservada e sem precisar de botox ou silicone. Mas foi só chegar ao Brasil, que a pobre não durou nem 200 anos e já está agonizando em umidade e mofo por todo lado.

Mas o que podíamos esperar de um país que é conhecido como “gigante adormecido”? Acho que esse gigante está é em coma profundo! Não sei se acorda mais não, mas se acordar, vai ter um trabalho danado pra se recuperar... E duvido que se recupere cem por cento. A múmia, então... Pobre múmia!

Bom, mas se nosso sistema de saúde não funciona pra nós que ainda estamos vivos, não seria pra uma múmia milenar que funcionaria, né? E olha que mesmo com todo seu tesouro, não foi capaz de manter um plano particular de saúde. Disseram que pela idade dela, não era o suficiente... E que não faziam cobertura em problemas com mofo!

E pensar que quando eu era criança queria levar o osso de dinossauro que estava no museu, de presente pro meu cachorro... Mas eu era criança, não político!

MEMÓRIA - “O BOY INVESTIGATIVO”

Em 1995 eu estava no terceiro período da faculdade de comunicação e começando a me envolver mais com fotografia. Já tinha até uma foto publicada em jornal (pequeno detalhe, com meu nome escrito errado!), mas isso é outra história.

Duas amigas minhas, acho que uma delas ainda era menor na época, foram visitar um estúdio de um fotógrafo profissional, na esperança de conseguirem trabalhos como modelos (só pra adiantar a história, elas desistiram de ser modelo).  
Só me lembro claramente, que depois dessa visita ao estúdio de fotos, elas me ligaram apavoradas, porque o fotógrafo tentou fazer fotos “indevidas” e quando uma delas se assustou ele chegou a trancá-la, num dos cômodos que usava para fazer os ensaios, até que ela acalmasse.

Falei para elas darem queixa, que deveriam fazer algo para impedir que fizesse com outras, mas não adiantou... O medo era tanto que elas preferiram o silêncio (mulher quando faz silêncio é porque foi grave mesmo).

Já que não dava pra ir a polícia sem que elas tivessem dispostas a denunciar, resolvi procurar um jornalista, que ficou famoso na Rede Globo depois de uma “reportagem denuncia”. O tal jornalista me disse que pra fazer essa pauta precisaria de um indício ou prova (se o relato de minhas amigas não era um indício, então o erro deve ser do dicionário).

Bom, mas como eu estava louco pra virar repórter investigativo, o que fiz?

Candidatei-me a um estágio no estúdio do tal fotografo e consegui de imediato.

Lá achei que podia aproveitar a “investigação” pra aprender algo sobre fotografias e talvez até usar uns equipamentos dele, mas eu só servia mesmo como “Office boy”. Fazia ligações, ia à rua fazer entregas, comprar coisas, enfim... Boy!

Fiquei trabalhando de graça lá por duas semanas e desisti. Infelizmente por causa de minha pouca experiência na época e falta de habilidade naquele tipo de situação, não consegui nada que pudesse servir de prova ou de indício.

A verdade é que eu sabia que ele era culpado e que fiquei com medo de falhar. Era um risco pra mim se ele descobrisse o que eu estava realmente fazendo lá... E com minha super habilidade tanto pra “Office boy” quanto pra repórter investigativo, se eu não saísse, seria demitido em breve (ou coisa pior. Vai saber...).

Em março de 1999 um inquérito policial contra o fotografo tarado foi aberto após o registro de ocorrência acusando de ter praticado "atos libidinosos diversos de conjunção carnal" com menores. Ele fugiu, mas foi capturado e preso em 2001 em Belém, no Pará.
Se aquele repórter tivesse prestado atenção nos indícios que ofereci, além de salvar várias menininhas e virar herói, teria ganhado uma promoção! 

Bobo... Bem feito pra ele! 

FICÇÃO - "RADICAL"


ELA - Oi querido! Estava passando aqui perto e resolvi passar pra fazer uma surpresa!

ELE - É... Foi mesmo uma surpresa.

ELA - O que foi? Não gostou?

ELE - Não... Sim! Só fiquei surpreso... Vem, entra.

ELA - Ahh, bom... Achei que não ia convidar... Que discos são esses que ia colocar?

ELE - Hãã... Discos?

ELA - É... Esses que está tentando esconder aí. Deixa eu ver... Credo!!!

ELE - Não é o que você está pensando!

ELA - ... Macília e Astodolfo?! Você gosta disso?!

ELE - Não... Estava tentando cometer suicídio, mas fiquei na dúvida se colocava esse aí, um do Fernando e Sorocaba ou uma dessas que toca no que chamam de “baile funk”.

ELA - Nossa!Calma! Vem cá... Esquece esses discos de lado. Me fala... O que aconteceu?

ELE - Aderi a práticas de “sado-maso”.

ELA - Se está fazendo piada é porque desta vez foi sério mesmo, hein? Mas ainda bem que cheguei antes de você cometer essa sandice.

ELE - O pior é tentar o suicídio e não morrer depois.

ELA - Pois é, ta vendo? Ainda podia acabar vegetando com alguma lesão cerebral.

ELE - Ah, mas eu sou prevenido! Se eu visse que algo daria errado tomava esse copo de soda.

ELA - Soda cáustica?!

ELE - Não... Soda limonada. Sou alérgico a limão.

ELA - Você é doido!

ELE - Doido não! Prevenido!

ELA - Agora fiquei com medo de ir embora e te deixar sozinho.

ELE - Foi só uma crise... Já passou!

ELA - Espero que sim... Nunca vi você arriscar sua vida desse jeito. Sempre foi sensato, um exemplo de saúde e equilíbrio.

ELE - É... Tem razão... Foi uma bobagem de momento. Desculpe!

ELA - Imagina! Mas o que acha de fazermos algo leve e relaxante?

ELE - O que sugere?

ELA - Humm... Pode ser asa delta ou bungee jump. O que acha?


FIM