É... Matavam aulas sim, mas para fumar maconha.
Era 1995 e eu estava no segundo período do curso de comunicação social, sonhando em ser um jornalista do Washington Post e só pensava em conseguir uma grande oportunidade... Em março daquele ano ela surgiu.
Haveria um grande encontro no Centro Cultural Banco do Brasil, para o lançamento de um importante projeto cultural e eu soube na hora que aquela seria a grande chance de ganhar meu Pulitzer.
Tentei arregimentar uma turma para ir comigo cobrir o evento, mas as aulas teóricas (e fumar maconha, claro) eram mais importantes, então fui sozinho para o centro da cidade.
Cheguei cedo, mas o prédio já estava isolado por um cerco policial, afinal até o presidente Fernando Henrique estaria presente. Mesmo portando somente uma máquina fotográfica amadora e sem uma credencial que justificasse minha presença ali, consegui permanecer próximo ao prédio. Outro isolamento foi feito e por eu ter chegado cedo consegui ficar entre um isolamento e outro, o que no meu caso era um privilégio.
Os ilustres participantes que dariam aval ao projeto começaram a chegar, entre eles Ziraldo e Pelé, todos devidamente registrados pelo “clic” de minha humilde câmera amadora.
Por fim chega o ônibus com o presidente e eu ali, registrando tudo ao lado dos jornalistas (de verdade) e realmente credenciados.
Com todos já dentro do prédio e com a reunião em curso quase fui embora, mas ao observar uma manifestação se aproximando farejei um furo jornalístico e resolvi ficar.
Meu faro estava certo e aconteceu um grande conflito entre manifestantes e policiais. Apesar da minha memória de peixe, me lembro bem das bombas de gás atiradas para todos os lados e do fato de eu correr da fumaça tóxica, parar, virar para fazer uma foto, voltar a correr, parar novamente para outra foto e repetir esta seqüência ainda mais duas vezes.
Conclusão: Matei aula, mas aprendi muito, fiz ótimas fotos e ainda consegui publicá-las na primeira página de um jornal carioca.
... Pena que publicaram com meu nome escrito errado.
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